A endometriose, em linhas gerais, é a presença de endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero) fora da cavidade uterina. Todo mês, o endométrio cresce e, na ausência da fecundação, descama ocorrendo a menstruação. É sobre este tecido que o embrião se implanta.
O problema surge quando endométrio, por inúmeras razões, passa a fixar-se em outros órgãos, como ovários, tubas uterinas, intestino, bexiga, ureter, peritônio, diafragma, pulmão e, até mesmo, no próprio útero, dentro do músculo. Neste último caso é chamado de adenomiose.
A prevalência da endometriose pélvica, profunda ou superficial, em mulheres em idade reprodutiva é estimada em 10% a 20% da população geral feminina, sendo que pode atingir 30% a 50% das mulheres inférteis. Em mulheres com dor pélvica crônica essa prevalência pode chegar a até 80%. Estima-se que atualmente a doença atinja cerca de 200 milhões de mulheres ao redor do mundo, chamada também de a “doença da mulher moderna”. Acomete principalmente mulheres entre 18 a 45 anos.
Quais são os tipos de endometriose?
São três os tipos de endometriose: endometriose superficial ou peritoneal, endometriose ovariana e endometriose infiltrativa profunda. A classificação é feita de acordo com a localização das lesões, o grau de comprometimento dos órgãos e severidade.
Quais são os sintomas?
Inicialmente os sintomas são associados ao período menstrual e/ou ovulatório e com a progressão da doença os sintomas podem se tornar diários.
- cólica menstrual (dismenorreia)
- dor na relação sexual (dispareunia de profundidade)
- dificuldade para engravidar (infertilidade)
- dor pélvica
- cansaço (fadiga)
- alteração do hábito intestinal
- dor para evacuar
- sintomas urinários
- dor no ombro
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico se baseia nos sintomas que as pacientes relatam, portanto é importante saber ouvi-las. O exame físico com palpação abdominal e avaliação ginecológica com exame especular e toque vaginal, são de extrema importância para o diagnóstico. Muitos nódulos e espessamentos causados pela doença, como a endometriose vaginal, intestinal, nos ligamentos uterossacros, retrocervical e o bloqueio do fundo de saco de Douglas, podem ser suspeitados durante o exame físico.
No passado era necessário o uso da videolaparoscopia diagnóstica para diagnosticar a endometriose. Atualmente, existem exames de imagem como a ultrassonografia transvaginal especializada e a ressonância de pelve ou abdome ambos realizados com preparo intestinal, que quando laudados por radiologistas experientes, permitem mapear a endometriose e programar o tratamento ideal para cada caso. No entanto, o diagnóstico geralmente é tardio. “A falta de valorização dos sintomas das pacientes, a dificuldade na detecção dos nódulos ao exame ginecológico de rotina, o conceito errôneo de que a dor pélvica é inerente à natureza feminina e a dificuldade no laudo dos exames de imagem são fatores relacionados a este atraso”.
O tratamento é com medicamentos ou cirurgia?
Baseado nos sintomas, exame físico, exames de imagem e desejo gestacional da paciente, é determinado o tipo de tratamento a ser seguido. O tratamento clínico com hormônio, anti-inflamatório e analgésicos podem proporcionar o alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida da paciente, no entanto, não garantem o controle da progressão da endometriose, por isso a importância do acompanhamento clínico e radiológico da doença. Pacientes assintomáticas e com desejo gestacional podem optar por tratamentos direcionados para infertilidade como controle de ovulação, indução da ovulação e até mesmo a fertilização in vitro (FIV) a depender de cada caso. Nas pacientes com indicação cirúrgica ou que não tiveram sucesso com o tratamento clínico, o procedimento minimamente invasivo é o mais indicado. “Há vários estudos na literatura que mostram a efetividade e segurança do tratamento videolaparoscópico da endometriose, tanto para o alívio da dor quanto para casos associados à infertilidade”, sendo considerado o tratamento cirúrgico padrão ouro.
A técnica minimamente invasiva laparoscópica oferece algumas vantagens às convencionais, dentre as quais, magnificação da imagem, permitindo assim visualização de pequenos focos da doença, controle de sangramento adequado, menor formação de aderências e a rápida recuperação da paciente.